31.5.08

Um dia desses.

Um dia desses vou-me embora.
Quando tudo parecer menos complicado.
Vou embora com quem quiser ir comigo.
Quem quiser ficar, que fique.
Não quero mais ficar no meio da confusão.
E eu vou pra onde me der vontade.
Pra onde o vento soprar.
Pra onde tiver um mar,
um barco
ou uma cabana.
Eu vou,
num dia de Sol, com lágrimas nos olhos.
Vou feliz,
viver os sonhos que eram apagados da minha mente quando o despertador tocava.
Vou com uma máquina fotográfica numa mão e um bloco de papel na outra.
Vou pro mundo, vou pra onde eu vim, vou pro que realmente me importa.
Um dia desses.

Três.

Vocês duas.
Nós três.
E uma Saudade.

19.5.08

Um minuto só.

Me dá só um minuto?
Um minutinho só.
Sei que o mundo vai cobrar esses preciosos 60 segundos depois,
mas eu preciso disso.
Preciso digerir isso,
digerir minha vida inteira
e tudo que ela têm sido.
Preciso que minha mente pare de girar
e minha cabeça de doer.
Por um minuto - que tudo pare.
Um minuto só
Um momento só.

3.5.08

Dois Estranhos e o Acaso.



Ele é o tipo de pessoa que atrái as outras
não por ser bonito ou simpático,
mas por ser interessantemente chato.

Ela é o tipo de pessoa que não chama nem um pouco atenção,
não por ser sem graça ou comum,
mas por escolha, nem sempre tão optativa assim!

O acaso, numa de suas horas entediantes, viu essas duas pessoas tão diferentes e resolveu que iria juntá-las pra passar o tempo. E não é que se surpreendeu, foi uma junção completamente divertida.

Ele gostava de estar com ela e ela gostava de estar com ele, mas demoraram um bom tempo pra demonstrarem isso um ao outro. E é assim até hoje, depois de 8 anos dessa amizade estranhamente engraçada, essa amizade que resistiu até a seca do nordeste e que, pelo que parece, vai resistir a qualquer coisa que o acaso se prestar a colocar no caminho deles dois. Porque não é mais questão de acaso, é questão de querer. E isso eles querem.

1.5.08

Jazz, Vinho e Sentimentos.

Chegou em casa depois de um dia cheio. Já era tarde e ela só queria a segurança da sua casa.
Jogou a bolsa no sofá, tirou os sapatos e foi até a velha vitrola herdada do avô. Pegou um disco de jazz, tirou-o da capa e colocou-o na vitrola. Depois de um breve chiado sentiu a música ecoando pelo interior do apartamento, foi tomada por uma sensação de nostalgía.
Foi à cozinha e pegou uma taça de vinho doce e voltou à sala, sentou no sofá, deu um gole e então começou a chorar, um choro suave, sem dor. Fechou os olhos e viu sua antiga casa, tão distante, tão colorida; viu a mãe na cozinha e o pai no quintal, o irmão andando de bicicleta na rua. Essa imagem tão corriqueira nunca se mostrou tão significante para ela. Abriu os olhos e se perguntou o que a fez querer sair de lá, daquele tempo, daquele lugar.
Tomou um gole do vinho e respirou fundo, não queria se arrepender, estava longe mas havia conseguido tudo que antes era desejo. Devia se sentir feliz por estar em outro país, ter o emprego de seus sonhos, um apartamento e a moto que tanto queria. Mas a solidão daquele momento não a deixava se sentir assim. Os amigos estavam em casa, com suas família e seus outros amigos. Ela estava em sua casa, com sua vitrola e seu copo de vinho.
Levantou e foi até a varanda. Era um apartamento no 11º andar. A visão que se tinha ali daquela cidade era inquestionávelmente linda. E olhando pra ela, sorriu, um sorriso suave, ligeiramente contente. Percebeu o motivo de querer tanto estar ali.
Entrou, fechou a cortina, deitou no sofá e, sem perceber, durmiu. A música ecoava pelo apartamento, ecoava pela cidade e os mútiplos sentimentos causados por aquela melodia dançavam, todos em perfeita harmonia.