11.1.09

Auto(des)conhecimento.

Com os outros distantes, me percebo melhor.
A casa está vazia. Na verdade, vazia não, pois estou dentro dela. Aliás, eu e os milhões de pensamentos que nunca foram tão audíveis.
Não tendo a quem enxergar, me enxergo com mais afinco. Me vejo de perto. Me ouço nitidamente.
Ouço meu pensamento, meus medos.
Percebo quanto de mim não existia antes. Meus preconceitos, os quais nunca imaginei que tivesse, se revelam.
Me recuso a descobrir meus erros. Mas no final os admito. Admito minha falha, sinto-me melhor assim. Assumo e busco não errar mais.
Mexo no quarto, mudo as coisas de lugar; aprovo, desaprovo, mudo as coisas de lugar. Exatamente como na minha cabeça. Mapeio sentimentos, mexo, troco, mudo, volto. Não sou mais. Não me conheço mais.
Estou a nove dias sozinha.
Há nove dias comigo mesma, conversando comigo, brigando comigo, rindo do espelho, chorando pro espelho.
Nunca fui tão minha. E nunca me desconheci tanto.

6.1.09

Fim do dia.

Foi uma noite de silêncio.
E mesmo sem nenhuma palavra todas as verdades foram ditas.
Mesmo as mais cruéis.
As mais duras e secas.
A realidade é que ela fez escolhas que não eram necessárias.
Ela escolheu ficar com ele sem ninguém ao redor.
O mundo se fechou para ela e junto, inúmeras declarações de amor, inúmeros sentimentos de amizade, de cumplicidade.
Sentimentos esses que eram, talvez, os mais puros, os mais fiéis.
Ninguém nunca entendeu o que aconteceu naquela noite.
Mas a verdade gritava para ser ouvida.
Antes se ela a tivesse pronunciado.
Ao menos não pareceria a morte de algo sem importância.
Teria um fim digno de algo que foi, durante muito tempo, maravilhoso.
....
O sol se pôs, e eu nem pude ver.
Para mim, ainda era uma bela manhã.

O tamanho das coisas.

A casa está grande demais.
Você deveria estar aqui para preenchê-la.
Quando está por perto nada parece ser maior que o normal.
Mas assim, longe de você, o mundo fica enorme e um pouco assustador.
A solidão fica gigante.
Só não ultrapassa a saudade.
Essa é a que mais assusta.