9.2.09

Os olhos.


Abri os olhos e vi os dele, concentrados nos meus, esperando ansioso que sono estivesse satisfeito.
Dois olhos parecidos com os meus. Grandes, coloridos, curiosos.
Querendo saber sobre a vida, sobre o mundo.
Querendo ver coisas novas, num momento em que tudo é novo.
Para mim, nova era aquela felicidade.
Ter o prazer de apresentar a ele coisas lindas, sensações boas, sons gostosos de ouvir.
Poder brincar até não aguentar mais e perceber o quão velha estou por não aguentar muito tempo, o decepcionando pelo cansaço. Tendo que explicar para ele, quando me puxa pela mão, que não tenho a mesma energia, porque ele não usou muito o corpo ainda e eu tenho quase vinte anos de uso.
Ele, que mesmo tão pequeno causa uma das maiores alegrias que já senti.
Quando eu sorrio e o riso vem de volta. Quando o pedido de um beijo é realizado e quando mesmo sem pedido o beijo estala na bochecha. Quando vê uma foto e acha incrível que a mesma pessoa exista duas vezes.
E nem foi de mim que ele saiu.
Saiu do amor entre meu irmão e a irmã do amigo de infância.
Uma teia de sentimentos bons o gerou.
E ele gerou uma linha enorme de sensações gostosas que com as milhões de preocupações eu tinha deixado de sentir.
Ele gerou um amor maior do que eu pensava ser capaz de existir.
Ele me gerou de novo. Me gera todo dia. Com aqueles olhos enormes e com uma vontade maior ainda que eu acorde para viver com ele.

O cacto.

Ele: Nós somos muito irresponsáveis!
Eu: É. Não se cuida de uma amizade desse jeito.
Ele: É porque ela é que nem um cacto; não precisa de muita água para viver. Se fosse outra amizade, não duraria nada.