25.8.12

O casal.

Eu lembro dos último dias. Das últimas semanas. A sensação era pesada, já de saudade. Uma tensão de energias opostas, éramos opostos. Lembro de entrarmos no elevador. O espelho. Eu o abraçava e pensava em como éramos um belo casal. Pensamento este que era habitual, mas nessas últimas semanas, ressoava como uma onda devastadora. Doía. Como éramos um belo casal se a relação já não ia bem? Ou pior, como a relação não ia bem se ficamos tão perfeitos juntos? Lembro de, nos últimos dias, abraçá-lo forte, como quem se despedia. Eu sabia que poderia ser o último abraço. Eu sabia.

Hoje, vi uma foto nossa e tive o mesmo pensamento. Eu e ele, que bonitos juntos. Mas não foi pesar que senti. Foi uma saudade leve, livre, suave. Fomos um belo casal. Isso basta por hoje. Essa sensação sim reflete melhor o que éramos.

14.8.12

A saudade. A expectativa.

Me vi sentada na cama. Computador no colo. Palavras na cabeça. Chocolate na mão. Danei a escrever por ter no peito sensações boas e uma ânsia por vida. Estava no quarto quando comecei a relembrar momentos grandiosos que passei. Não vou listá-los aqui, não vem ao caso. A hora é de guardá-los no coração, na gaveta mais próxima às mãos para que eu possa mexer nas lembranças sempre que sentir vontade. Eu estava no quarto, mas a mente viajou o mundo.

A verdade é que ao mesmo tempo que olhei para trás, senti vontade de ir para frente. Nesse paradoxo cheio de lógica, sorri. Meus Deus, que vontade de viver mais, de aproveitar mais, de sentir mais. O mundo todo aí se oferecendo. É música, é cor, é toque, é cheiro... tudo isso à vontade! A ansiedade pulou aqui dentro. Eu não esperava nada concreto e ao mesmo tempo esperava tudo.

Respirei fundo, pedi calma a mim mesma. Permaneci sentada na cama, o sorriso estampado pela saudade, a vontade de fazer mais. A barra de chocolate chegou ao fim. Era 1h da madrugada. Amanhã sairia de manhã pra ver o Sol e celebrar os raios que me energizam a cada dia. Guardei o computador. Pausei as palavras. Apaguei a luz. Dormi. Tinha que descansar para o primeiro dia do resto da minha vida. Para data importante assim, a gente tem que tem que ter energia sobrando.

6.8.12

Pedro e a solidão de Marina.

- Talvez você esteja certo. A solidão é o meu lugar.

Marina pegou a bolsa em cima do sofá e fechou a porta. Depois de tanta briga, de tantas palavras amargas e secas, ela soltou sua última frase em um tom suave, quase sereno. Pedro já não a entendia há muito. Já não a aceitava. E ela não compreendia o fato dele ainda estar com ela, mesmo com tanto julgamento e desaprovação.

Ter companhia. Não ter. Ser feliz. Não ser. A montanha russa de sentimentos era repetitiva e previsível. Mas de uns tempos pra cá, o pico já não era tão alto. A descida, sim, estava cada vez mais ingrime, e sem freio.

Pedro já não segurava sua mão pelo caminho. Era só que ela andava. Ela fingiu que não significou nada, mas todos os dias durante o café da manhã relembrava as palavras ditas pelo rapaz num dia qualquer de fúria. "Eu estou do seu lado. Mas você merece a solidão".

Marina bateu a porta e Pedro ficou inerte, quase paralisado. Marina foi embora. Pedro é quem ficou só. Andaram durante um bom tempo pela cidade em busca de Marina, ele e a solidão.